Ela levou 15 anos para descobrir que tem doença de Crohn: 'Foi um alívio'

Débora Suzane Weber sofreu com diarreia, dor de barriga e vômitos até ter um diagnóstico correto

Com vários diagnósticos errados, a gaúcha Débora Suzane Weber, 37, demorou 15 anos para descobrir o que causava as recorrentes e persistentes dores de barriga, diarreia e vômitos. Durante a longa jornada, ela fez diversos exames, passou por vários médicos, foi encaminhada ao psiquiatra e chegou a pensar que era louca.

Aos 26, a administradora de empresas fez uma cirurgia às pressas para controlar uma obstrução intestinal, retirou 69 cm do intestino delgado, fez uma biópsia e descobriu que tinha a doença de Crohn. "Foi um alívio, ia poder me tratar". A seguir, ela conta sua história....

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Infelizmente relatos como o de Débora são comuns em nossa jornada na Medicina. Ao longo desse ano tive a oportunidade de operar outros dois casos semelhante, cujo o diagnóstico do exame de biopsia confirmou Doença de Crohn.

O primeiro caso, rapaz de 30 anos, previamente hígido, com peso normal, apresentava dores recorrentes em abdome, região abaixo do umbigo, há alguns meses e alguns episódios de diarreia, eventualmente. Quando nos procurou na emergência do hospital Adão Pereira Nunes em Duque de Caxias já apresentava perfuração intestinal em íleo (última parte do delgado) com plastrão, processo inflamatório intenso entre alças (fístulas), parou em cirurgia de emergência - a mesma que a Débora fez, retirado 60 cm de delgado e o começo do intestino grosso.

Outro caso também já diagnosticado com perfuração, agora no Hospital Municipal Lourenço Jorge, no Rio de Janeiro, homem, 32 anos, sem problemas de saúde prévios, relatava apenas dificuldade para ganhar peso e dor abdominal intensa há um dia. Ao exame físico era emagrecido e tinha intensa dor abdominal a palpação. Além do mais, na tomografia computadorizada, encontramos pneumoperitôneo, o que nos fez levá-lo para uma cirurgia de urgência. Seguem os achados cirúrgicos:

Arcervo pessoal Dr. Sebastião Dutra, Coloproctologista. Hospital Municipal Lourenço Jorge. Rio de Janeiro, 2022.

Nesse caso ressecamos a parte com maior estenose (estreitamento) e perfurada, emendamos o intestino (anastomose) e fizemos duas estenoplastias (tratamento das estenoses com suturas) no demais segmentos.

Arcervo pessoal Dr. Sebastião Dutra, Coloproctologista. Hospital Universtiário de Brasília. Brasília, 2019.

Mas por que esses pacientes continuam chegando a emergência?

Bom, tenho duas fortes razões:

1) Trata-se de uma doença de difícil compreensão entre os médicos generalistas e até mesmo cirurgiões gerais, em que sempre há atualização no seu manejo devido aos muitos estudos relacionados. Além disso, sintomas iniciais simulam diversas outras doenças, o que pode confundir os médicos e retardar o diagnóstico.

2) Algumas vezes, a doença é silenciosa ou amena, podendo ser menosprezada pelo paciente durante anos até que sucumba numa emergência cirúrgica.

Fui operado de emergência, disseram que a suspeita de doença de Crohn, o que devo fazer? Posso me livrar da ileostomia (bolsinha)?

Arcervo pessoal Dr. Sebastião Dutra, Coloproctologista. Hospital Naval Marcílio Dias. Rio de Janeiro, 2021.

Bom, o primeiro passo é entender a doença, conhecer a fundo os mecanismos que fizeram seu intestino inflamar, enfrentar o mal pela raiz, entendendo como funciona cada tratamento, medicação ou procedimento cirúrgico.

Na internet encontramos diversos sites que informam os pacientes sobre sua doença. É necessário investir tempo.

Clique aqui para mais informações sobre Doença de Crohn, seus sintomas, diagnóstico e tratamento.

E sim, após a recuperação nutricional e controle do processo inflamatório, é possível retirar o estoma (bolsinha), melhorando em muito a sua qualidade de vida. É importante procurar médicos especializados que conhecem bem seu inimigo em comum e que garantam o seu seguimento clínico, por se tratar de uma doença crônica ou seja, incurável até o momento, mas com controle eficaz.

Sofre com sintomas semelhantes? Agende já sua consulta, ficarei feliz em poder atendê-lo.